domingo, 19 de outubro de 2008

La Fuga

Pablo Picasso


Recorrí las playas de arenas ardientes
quemando las plantas de mis doloridos pies
Enfrenté las olas del mar bravío
mi cuerpo azotado por el látigo hecho de agua
Subí a la cumbre de la montaña más alta
las heridas de mis manos bañaron las piedras
coloreándolas con el rojo de mi sangre
Me perdí en la selva verde y húmeda
llena de musgo y sonidos amedrentadores
Al fin, agotado por la caminata escabrosa
Me senté al suelo y sonreí
Intenté dejarte a lo lejos
escapar de tus presas de mujer felina
pero no pude resistir a tus encantos y encantamientos
ni al amor que devora mi corazón
que late, desesperado, siempre cuando mis ojos miran
tu cuerpo
Carlos Cruz - 08/10/2008

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Deus Cadáver





Flutuava, atônito, ao redor de si. O peito doía, mais pelo pontapé em seu cadáver que pela passagem do metal incandescente. Seus volumosos códigos jaziam espalhados na via, à mercê dos passantes. A visão de sua bela toga negra, agora suja, rasgada, sacrilegamente repousada sobre o monturo de excremento canino deixou hirsutos seus pêlos ectoplásmicos. O condenado foragido, a valise, o Rolex e a carteira há muito haviam sido engolidos pelas trevas noturnais, restando, apenas, a capital sentença a reverberar em sua mente confusa, mesclada ao estampido ensurdecedor: "É, seu juiz. O senhor me fudeu aquele dia lá no tribunal. Agora, quem vai se fuder é o senhor. Quem o senhor pensou que era pra ferrar com a minha vida daquele jeito? Deus?"

Carlos Cruz - 07/10/2008