sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

iPhone 5


o besta
desembesta
ou quiçá, çá, çá
defenestra
na poeira das vaidades
bestas
e atuais, mais
que atuais

os ancestrais
cambalhoteiam
inutilmente
pra frente
pra trás
qual idiotas

os devotos
do black metal
dão saltos
camisas pretas
acham demais!

mas, ademais, existe a luz
no fim do túnel
da Tunísia
pour elise
eu faria tudo, tudo

coesão, coerência, clareza
o importante é ser feliz
na cama
o mais, é o amor
só o amor
que conhece o que é verdade

a verdade dói e mói e corrói e destrói
mas isso é bom e agradável
exceto ao platão

seja bem-vinda, ruidosa bofetada!
bate outra vez, coração!
a mão que balança o berço
envolve e cabe perfeita na masturbação

o ego rebelde não quer rebentar
diz que há os tais maiorais
déspotas e tarados
cheios de pênis eretos
no lugar dos pelos
glândulas invertidas

pelas barbas de netuno!
levantai, unamuno!
semeai a discórdia e a dúvida
entre os homens bicudos
jegues-justos-obtusos
cheios de hemorróidas
enfiados em ternos justos
absurdamente demodés

quem dera ser um peixe
para expor em riste a guelra média
ao anzol pontiagudo
imerso, babacamente
pelo babaca-mor

que o mundo acabe em buceta
de mulher tesa
para morrermos encharcados

felicidade é algo mais que uma maçã eletrônica.

Carlos Cruz - 20/12/2012

cordel zoo-caprino-teso sem telefonema no dia seguinte



o cabra da moléstia molestou a cabra insensível que, desapegadamente, cagou para ele. pérolas negras, precisamente, sem te amo, te amo.

Carlos Cruz - 20/12/2012

Astronomy Domine



e eis que a raça humana adentra o limiar de uma nova era. irmãos, não temam o porvir pois nada é tão ruim que não possa piorar, disse o pajé nimbu negro no dia em que tupã espirrou furioso os ventos que sopraram e derribaram nossas tabas, despertando os deuses que montados em nuvens escuras despejaram sua raiva em forma de grandes faíscas luminosas, quentes e mortíferas. a selva, a terra, os filhos da terra, tudo virou cinzas. mas a deusa da fertilidade e da beleza chorou lágrimas de dor e sangue à vista dos cadáveres fumegantes da mãe natureza. a fumaça fedorenta da destruição fez o fluxo aumentar, as lágrimas irrigaram a terra árida que virou barro e lama. a vida brotou novamente, primeiro o verde, depois outras cores e nuances e por fim, os fungares espreguiçantes. o ciclo se repete, sempre. vida produz morte que produz vida que produz morte. transponde o portal, irmãos, sem temor, sem rancor, sem pudor. a grande orgia milenar vai começar!

Carlos Cruz - 20/12/2012