domingo, 3 de junho de 2007

Náufragos



Navega nos mares da populosa cidade
A embarcação de quatro rodas, transporta as
Vítimas do sistema, desumano e cruel
Ilustres anônimos espremem-se, acotovelam-se
Os modernos escravos mal-remunerados.
Nau absurda, surrealista
Etnias variadas, mescladas, conformadas
Gente como a gente, descontentes
Remoendo sua sina proletária
Estagnados, maltratados, mal-alimentados
Incongruente cotidiano
Rodando, rodando, sem sair do lugar
Ou trabalha ou é lançado ao mar.

CARLOS CRUZ – 02/04/2007

Baú da Felicidade





A roleta rodou. Estanislau, jogador contumaz, torceu como nunca havia torcido antes. A sorte nunca lhe sorrira: foram anos de jogatinas infrutíferas e apostas frustradas. Mas aquele dia seria diferente, tinha que ser. A roleta foi diminuindo as rotações até parar. Fechou os olhos, cruzou os dedos, fez uma prece.
Levantou-se, trêmulo. Os ouvidos zumbiam. Seu algoz jazia no chão, inerte. Soltou uma gargalhada. Finalmente fora contemplado pela sorte: o tiro saíra pela culatra.

CARLOS CRUZ - 28/05/2007