domingo, 10 de junho de 2007

Proteger & Servir ou O Massacre




Foram meses de laboriosas investigações. Centenas de cafés e cigarros, muitas noites mal-dormidas. Sem falar na cobrança implacável do Delegado que, por sua vez, sofria pressões dos políticos. "Puta que pariu! Até o governador tá me ligando!" - esbravejou Dr. Sampaio, após desferir um sonoro murro na mesa de seu gabinete. Mas todo aquele esforço valera à pena. Finalmente lograra êxito: ali estava o pedófilo, algemado, prosternado, aos prantos, implorando por sua vida - um verme fedorento, um merda. Deu-lhe um violento soco no nariz, que o fez perder os sentidos.
Arrastou-o até a pesada cama de ferro, onde algemou suas mãos e pernas, na posição do "Homem Vitruviano" de Da Vinci. Desenrolou a longa corda que trouxera consigo, amarrando o corpo do pedófilo em torno da cama. Tentou puxar a corda, que não se mexeu. É, estava bem preso. Iniciou o trabalho pela arma do crime: com um único golpe de sua afiadíssima faca militar, decepou o pênis do filho da puta. O urro do pedófilo poderia ser ouvido a muitos metros de distância, contudo, tal possibilidade era bastante remota, considerando o local ermo no qual se encontravam. Depois, cortou o saco escrotal, os dedos das mãos, as mãos, os braços. Precisou de muita força e da face serrilhada da faca, certas articulações não eram fáceis de cortar. O sangue jorrava, o pedófilo gritava. Por fim, o silêncio. Morto, estava morto. Prosseguiu sua tarefa, incansável, cortando, cortando, sem parar, sem pensar...
Terminara, enfim. Coberto de sangue, olhou o amontoado de carne, ossos e vísceras em que se transformara o pedófilo. Sabia que não receberia medalhas nem condecorações pelo que fizera. Não sentia-se bem nem mal, apenas um certo alívio e aquela agradável sensação do dever cumprido.
Tomou um banho frio, vestiu as roupas que trouxera em sua valise. Foi para casa. Seu filho Mateus, de cinco anos, veio recebê-lo com um sorriso e um papel nas mãos. Abraçou-o.- Papai, fiz um desenho pra você.
Era um policial perseguindo um bandido mascarado. Sobre a figura do policial, uma seta e a inscrição: "PAPAI". Abraçou Mateus com mais força. Beijou sua esposa, antes de responder que correra tudo bem no trabalho. Dormiu profundamente aquela noite.

Carlos Cruz - 05/06/2007