terça-feira, 15 de julho de 2008

O Sacolão



Malgrado sua aversão por funk, vez ou outra, ao passar por certas vitrines reluzentes, Estanislau não resistia a lançar gulosas porém furtivas olhadelas para aquelas suculentas moças com nomes frutíferos e carnes abundantes rebolando animada e alegremente na tela da grande televisão de plasma.

Lambeu os lábios, esfregou as mãos e sorriu esperto quando leu o cartaz afixado à porta do puteiro: "Só hoje. Sensacional promoção no Tia Raimunda's Sacolão: leve a Mulher-berinjela, toda ela, pelo preço de uma banana nanica."

Era uma puta negra puta. "Que substância!" - pensou. Tamanho tesão fê-lo esquecer a precaução: deixou-se algemar na cabeceira da cama. Quando percebeu a origem do cognome da prostituta, era tarde. A negra era, na verdade, um negão dotado de uma assustadora e gigantesca estrovenga. Os gritos de Estanislau foram abafados pelos do MC Não-sei-das-quantas que esgoleava no pequeno mas potente aparelho portátil estrategicamente colocado ao lado do leito: "crééééééééu!"

Carlos Cruz - 15/07/2008