sábado, 6 de outubro de 2007

Orgasmatron




Asdrúbal, sessenta e oito anos, recusava-se a aceitar o peso dos anos. Desdenhava dos antigos colegas de farra que eventualmente encontrava jogando damas na praça ou em frente às casas de bingo. Aficionado por heavy metal e todas as variações do gênero, tatuagem de caveira no ombro, brinco de crucifixo na orelha, cabelos longos tingidos de preto azeviche e cuidadosamente despenteados, jaquetão de couro, montado em sua Harley Dayvidson, ainda arrancava alguns suspiros das mulheres da cidade, a maior parte interessada em sua conta bancária, é verdade. Gabava-se de sua virilidade, de sua potência sexual sem uso de medicamentos ou afrodisíacos. "Podem acreditar, o papai aqui nunca brochou nem tampouco precisou de Viagra." - dizia aos amigos incrédulos.
Convidou Eliana, a garota mais cobiçada do bairro, para dar uma volta em sua moto. Ela aceitou. Boquiabertos, os amigos viram-na passar, agarrada à cintura de Asdrúbal, exibindo sua enorme bunda, delineada pela justíssima calça strech.
Após algumas cervejas no Juda's Bar, seguiram para o motel. Enquanto Eliana se despia, Asdrúbal entrou no banheiro, retirando do bolso da jaqueta sua arma secreta. "Buchinha-de-bode. Levanta até defunto." - dissera-lhe o cearense. "Mas tem que tomar só uma colherinha de chá. É muito forte. Se tomar muito, o sujeito corre o risco de empacotar." Asdrúbal levou a garrafa à boca, tomando vários goles da beberagem. "Hoje, o bicho vai pegar. Vou fazer essa gostosa subir nas paredes." E fez. O efeito da garrafada foi imediato. O pênis de Asdrúbal ficou duro como pedra e assim permaneceu durante muitas horas, horas de muito sexo, ao som de muito heavy metal. Asdrúbal estava prestes a gozar pela quarta vez, seu pênis pulsava no interior do ânus de Eliana, que rebolava sua deliciosa e descomunal bunda. Foi quando sentiu a "pontada" no peito, seguida da intensa dor. Tombou para o lado, morto. O pênis, que recusava-se a amolecer, apontava para o teto. O pequeno mas potente Cd player tocava "Orgasmatron", do Motörhead, a música preferida de Asdrúbal, cujo ricto de morte era um sorriso de orelha a orelha. Morrera feliz.

Carlos Cruz - 28/09/2007

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