terça-feira, 4 de setembro de 2007

Quinze Minutos





Imobilizando ponteiros de relógios e entortando talheres com o poder da mente, tornou-se figura célebre nos anos oitenta. As emissoras de televisão travavam renhidas disputas para tê-lo em seus programas dominicais, pagando-lhe generosos cachês. Alguns diziam que tinha pacto com o Diabo, outros, que era iluminado por Deus. Conquistou fama e fortuna, prodigamente dissipada em festas psicodélicas decoradas com relógios antigos e talheres de prata deformados, regadas a beberagens refinadas e putas caras. Perdeu seu posto de celebridade para o homem que peidava fogo. Ninguém o queria, não dava mais ibope, deixara de ser novidade. Hoje, é visto pelas ruas, fuçando lixeiras, disputando latas de cerveja vazias com outros catadores, as quais amassa à distância, sem usar os pés.

Carlos Cruz - 24/07/2007

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